O Atestado Médico de Incapacidade Multiuso (AMIM) consiste num documento oficial, emitido após Junta Médica, que indica e comprova o grau de incapacidade de uma pessoa, expresso numa percentagem e calculado com base na Tabela Nacional de Incapacidades. É o documento essencial para uma pessoa com incapacidade ter acesso a inúmeros benefícios fiscais, proteção social e ainda apoios a nível da saúde e formação previstos na lei. Estes apoios podem ser concedidos pelo Estado ou entidades parceiras
Conforme estipulado no nº 6 do artigo 4º do Decreto-Lei n.º 291/2009, os atestados de incapacidade podem ser utilizados para todos os fins legalmente previstos, adquirindo uma função multiuso, devendo todas as entidades públicas ou privadas, perante quem sejam exibidos, devolvê-los aos interessados ou seus representantes após anotação de conformidade com o original, aposta em fotocópias simples.
O Atestado de Incapacidade Multiuso destina-se a toda e qualquer pessoa com deficiência ou incapacidade, seja criança ou adulto. Caso não seja possível à própria pessoa com incapacidade solicitar o documento, os seus familiares diretos, indiretos ou outras pessoas significativas podem fazê-lo.
O AMIM deve ser solicitado no Centro de Saúde da sua área de residência através dos seguintes passos:
Está previsto o pagamento de taxas para a emissão do AMIM. Este pagamento cobre a prestação dos serviços das autoridades de saúde ou outros profissionais de saúde pública. Atualmente, a emissão do AMIM tem o custo de 25 euros para o utente. Caso se trate da renovação para revisão ou reavaliação do grau de incapacidade, o valor é de 5 euros.
Segundo consta no nº 4 do artigo 4º do Decreto-Lei n.º 291/2009, sempre que a lei faça depender a atribuição de benefícios de determinados requisitos específicos, o atestado de incapacidade deve indicar o fim a que se destina e respectivos efeitos e condições legais, bem como a natureza das deficiências e os condicionalismos relevantes para a concessão do benefício.
De acordo com o "Guia Prático – Os Direitos das Pessoas com Deficiência em Portugal do Instituto Nacional para a Reabilitação", estes benefícios incluem:
Há, no entanto, algumas exceções, como no caso do Imposto Sobre Veículos (ISV), que se paga na aquisição de um veículo novo. Para obter isenção do ISV é necessária uma declaração de incapacidade específica para esse efeito que mencione para que fim vai ser usada.
Pode saber mais sobre o ISV e as adaptações que pode fazer ao seu automóvel para conduzir confortavelmente no Guia ANDO de Condução e Aprendizagem.
Caso uma pessoa obtenha o AMIM e desde que este confira deficiência fiscalmente relevante reportada a anos anteriores, poderá pedir anulação do IRS já liquidado. O prazo especial para esta anulação total ou parcial do IRS baseada em deficiência fiscalmente relevante não declarada, em conformidade com o AMIM então emitido, é de 2 anos. Esta retroatividade poderá ser útil em situações, por exemplo, de atrasos nas juntas médicas. Consulte a legislação sobre esta matéria aqui.
Saiba também como preencher corretamente no IRS as despesas de saúde e educação para pessoas com AMIM aqui.
Uma das dificuldades na obtenção deste documento é a forma como a avaliação do grau de incapacidade é feita. A tabela utilizada para este efeito, a Tabela Nacional de Incapacidades (TNI), foi desenhada para descrever incapacidades causadas por acidentes de trabalho, não considerando casos de alterações congénitas como as displasias ósseas. Como mostramos mais à frente, a seleção da natureza da incapacidade e a sua gravidade nem sempre correspondem à realidade.
ver tabela nacional de incapacidades
Por esta razão, aconselhamos que se faça uma avaliação médica externa, por exemplo, por um médico de medicina no trabalho da qual resulte uma carta como a do exemplo aqui.
Deverá encaminhá-la para o médico de família, antes da apresentação na Junta Médica, a par de outros relatórios médicos e exames que tenha. O objetivo deste documento é ajudar os médicos da Junta Médica nos pontos que devem ser considerados, à luz da TNI, num caso de displasia óssea. Assim será dada uma introdução sobre displasias ósseas, baixa estatura de origem genética e as sequelas associadas a estas condições, explicando que se trata de doença congénita.
Deve ainda ser averbado ao AMIM que o utente tem uma incapacidade de natureza motora. Por fim, deve mencionar as sequelas de acordo com a TNI (os 7 pontos mencionados na carta, no caso da acondroplasia), concluindo o grau de incapacidade esperado/possível.
Neste modelo de carta para junta médica o utente tem acondroplasia, mas pode fazer o download do documento editável aqui. Para outras displasias, contacte-nos para tentarmos ajudar a reunir informação relevante e preparar um documento indicativo para a Junta Médica, de acordo com as complicações e limitações da sua displasia.
A TNI lista as incapacidades adquiridas em acidentes de trabalho. No entanto, muitas dessas sequelas são adaptáveis a incapacidades permanentes congénitas. A ANDO já questionou o INR sobre uma potencial adaptação deste documento às incapacidades permanentes. Embora não haja nenhuma revisão da legislação vigente atualmente, vão considerar rever a mesma em breve.
Continuando com o exemplo da acondroplasia, todas as sequelas, identificadas na coluna "Número" do atestado abaixo, caem dentro do Capítulo I (aparelho locomotor) da TNI. A coluna "Alínea" representa a gravidade da sequela e está associada a um coeficiente de incapacidade e com os coeficientes todos calcula-se o grau de incapacidade.
Ou seja, duas pessoas com a mesma doença podem ter graus de incapacidade diferentes. No entanto, pelo princípio da equidade, duas pessoas com a mesma doença vão sofrer sequelas semelhantes e, por isso estes graus de incapacidade não vão variar muito.
Como se pode ver ao comparar dois atestados de duas pessoas diferentes com acondroplasia (em baixo), a maior parte das sequelas podem-se encontrar em ambos. No entanto, também se pode verificar que as suas gravidades (alíneas) podem variar bastante:
Cada um dos números representa uma sequela diferente. Neste exemplo:
Os números 4.2.2 e 6.2.9 representam o encurtamento dos braços e o número 11.2.3 o encurtamento das pernas e estão repetidos de forma a representarem cada membro individualmente.
Por fim, é de extrema importância que a natureza da incapacidade esteja referida no espaço correspondente (ver imagem abaixo). Na maior parte das pessoas com displasias ósseas, a natureza desta incapacidade deverá ser motora. Esta natureza da incapacidade é a que se adequa melhor à maior parte das displasias ósseas e a que dá acesso a mais benefícios.
O AMIM pode ser preenchido num PDF editável aqui.
Para mais informações, por favor, contacte o seu médico de família.
A ANDO criou esta página informativa, mas não é a entidade responsável para fornecer informações para além das que aqui estão descritas. Se tem uma displasia óssea, por favor contacte-nos por e-mail.