Cuidados Multidisciplinares

O contínuo progresso do conhecimento científico-tecnológico na área da saúde tem exigido especialização cada vez maior aos profissionais de saúde, de forma a correponderem às exigências nos cuidados às pessoas. No entanto, a qualidade na área da saúde encontra-se frequentemente limitada pela abordagem unidirecional e fragmentada dos cuidados de saúde.

Para melhorar os cuidados prestados às pessoas com displasia óssea é importante agregar e sistematizar conhecimento das várias áreas da saúde, seja na prevenção, diagnóstico, intervenção ou tratamento e reabilitação.

 

O que é a Consulta Multidisciplinar?

As pessoas com displasia óssea podem, ao longo da vida, enfrentar diversas complicações em diferentes sistemas orgânicos, tais como o sistema musculoesquelético, neurológico, respiratório, entre outros.

Por este motivo, é muito importante que os cuidados de acompanhamento vão ao encontro das necessidades específicas de cada pessoa e que estes sejam feitos por uma Equipa Multidisciplinar de Displasias Ósseas (EMDO).

Nestas equipas existe uma inter-relação entre os diferentes profissionais de saúde e as suas áreas de especialização. Os profissionais de saúde devem considerar a pessoa como um todo, mantendo uma atitude humanizada, utilizando uma abordagem mais ampla e resolutiva do cuidado.

Os cuidados multidisciplinares são adaptados a cada condição e seguem, sempre que existam, as recomendações internacionais. As consultas das várias especialidades servem para conhecer qual a especialização de cada profissional de saúde e quais os objetivos do seguimento em cada consulta. Ajudam no esclarecimento de dúvidas (é importante fazer a pergunta certa ao profissional certo, pois diminui confusão e otimiza o tempo de consulta).

As consultas devem ser preparadas com questões ou dúvidas específicas, pedidos de relatórios/declarações, etc. Caso não saiba a qual médico colocar uma questão, deve-se perguntar ao enfermeiro coordenador ou ao médico de referência.

1º Passo: Importância de um Diagnóstico

Após o diagnóstico:

  • Uso de curvas de crescimento corretas, se existentes.
  • Implementação de um seguimento multidisciplinar adequado.
  • Prevenção de complicações especificas.
  • Informação sobre o prognóstico.
  • Possibilidade crescente de tratamentos especificos e de integrar ensaios clínicos.
  • Aconselhamento genético – avaliar probabilidade de familiares terem a mesma condição e informar melhor sobre opções reprodutivas e possibilidade de diagnóstico pré-natal dirigido e diagnóstico genético pré-implantação.
Os Centros Clínico de Referência em Portugal

Em Portugal, existem dois Centros de Referência para Displasias Ósseas membros da ERN BOND — Rede Europeia de Referência para as Doenças Ósseas Raras:

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Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC)

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Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN)

 

No cenário ideal, o seguimento é realizado num Centro Hospitalar de Referência, com acompanhamento de proximidade, por uma equipa de profissionais de saúde na área de residência. O Centro Hospitalar Universitário de Coimbra tem no Hospital pediátrico uma Consulta Multidisciplinar de displasias ósseas desde 2015 e, desde 2018, tem também consulta para adultos.

Como é feito o acompanhamento no CHUC

A equipa do CHUC é coordenada pelo médico geneticista que, além do papel no diagnóstico e aconselhamento genético, explica à família o funcionamento da equipa, organiza as reuniões multidisciplinares e ajuda a delinear o plano de seguimento específico para cada pessoa.

O acompanhamento ao longo do tempo é depois conduzido pelo médico de referência que coordena os cuidados multidisciplinares e a quem se deve recorrer para esclarecer dúvidas gerais e para pedidos de atestados/declarações, etc. Este médico é diferente consoante o tipo/grupo de displasias ósseas.

  1. Na criança e adolescente
    Endocrinologista pediatra (para a maioria das displasia ósseas com baixa estatura, como a acondroplasia, displasia fibrosa, etc.); Reumatologista pediatra e/ou doenças metabólicas (para as doenças ósseas fragilizantes, como osteogénese imperfeita, osteopetroses, etc); Nefrologista pediatra (para algumas doenças do metabolismo do fósforo e do cálcio, como os raquitismos hereditários).
  2. No adulto
    Reumatologista para a maioria das displasias ósseas. Esta equipa encontra-se ainda em estruturação.

A equipa nuclear inclui ainda médicos das especialidades de Medicina Física e Reabilitação, Medicina Respiratória e Ortopedia, assim como enfermeiro de referência e assistente social. Os cuidados multidisciplinares podem envolver ainda Neurologia, Neurocirurgia, Ortodontia, Oftalmologia entre outras especialidades.


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Todos os profissionais de saúde envolvidos na consulta multidisciplinar (incluindo o enfermeiro coordenador) tentam trabalhar em articulação entre si e com o médico de família e/ou médico do hospital local.

Atualmente, os principais objetivos da equipa multidisciplinar são:

  • Medicamentos inovadores
  • Ensaios clínicos
  • Melhorar transição pré → pós-natal e pediatria → adulto
  • Agilizar referenciação
  • Coordenação com cuidados/hospitais locais

 

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Dr. Sérgio Sousa e Dra. Alice Mirante, Coordenadores do Centro Multidisciplinar Displasias Ósseas no CHUC.

Importância do Apoio Psicológico

A focalização nos aspectos biomédicos da doença pode levar as equipas clínicas a atribuírem menor pertinência às necessidades psicológicas das pessoas com displasia óssea e das suas famílias. Porém, impõe-se atualmente uma intervenção sobre a saúde que inclui o reconhecimento da importância dos aspetos biológicos, psicológicos e sociais. Deste modo, os fatores psicológicos e emocionais não podem ficar de fora do âmbito dos cuidados de saúde. Visite a página dedicada à importância da Psicologia.

Principais desafios da Equipa de Cuidados Multidisciplinares
  1. Melhorar agendamento de clínicas multidisciplinares, coordenação de diferentes especialidades, especialmente no dia da clínica multidisciplinar — fluxo de pacientes
  2. Melhorar o contacto com pacientes — colmatar a falta de contacto formal por e-mail e telefone da equipa
  3. Coordenar o acompanhamento de pacientes em outros hospitais.
  4. Construir um registo/base de dados
  5. Como registar e medir cada procedimento em cada paciente? Cada actividade da equipa? Cada consulta de peritos externos?
  6. Falta de tempo adequado para reunir informações sobre os doentes, pedir pareceres a peritos internacionais e estabelecer ligação com o laboratório de genética molecular.
  7. Falta de tempo para integrar e participar nas actividades da ERN-BOND.
Pedir Referenciação: Equipa de Cuidados Multidisciplinares

Todas as crianças e adultos com diagnóstico ou suspeita de displasia devem ser encaminhados para avaliação e seguimento por uma equipa multidisciplinar com experiência neste grupo de patologias.

Independentemente da sua área de residência, todas as pessoas podem ser avaliadas e seguidas pela equipa do CHUC (Coimbra) ou do Hospital de Santa Maria (Lisboa) através da referenciação para Consulta a Tempo e Horas (CTH). Entre em contacto com a ANDO para facilitar este processo. 

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O encaminhamento para a consulta multidisciplinar no CHUC ou no HSM deve ser feito pelo médico de família ou outro médico que siga a pessoa. A ANDO pode ajudar neste processo.

Referenciação para Centro Multidisciplinar

 

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