Estudo TransCon CNP | Resultados Promissores para o Tratamento da Acondroplasia

Um novo estudo à escala global com o fármaco TransCon CNP apresenta resultados promissores 

O TransCon CNP (navepegritide) é um fármaco experimental desenvolvido pela empresa de biotecnologia Ascendis Pharma concebido para permitir a exposição contínua ao CNP com uma dose única semanal. Este ensaio de fase 2 (denominado ACcomplisH) de 52 semanas avaliou a segurança e a eficácia do TransCon CNP em crianças com acondroplasia.

O estudo, Once-weekly TransCon CNP (navepegritide) in children with achondroplasia (ACcomplisH): a phase 2, multicentre, randomised, double-blind, placebo-controlled, dose-escalation trial foi publicado no mês passado.

A acondroplasia é a displasia óssea mais frequente e impede o crescimento ósseo, especialmente nos braços e pernas, resultando numa baixa estatura grave, com uma altura média para homens e mulheres de 1,32 e 1,24 metros, respetivamente.

As pessoas com acondroplasia apresentam outros problemas que incluem uma cabeça invulgarmente grande, mobilidade limitada, curvatura da coluna vertebral, apneia do sono, infecções frequentes dos ouvidos e dores nas costas e pernas.

 

Demonstrada melhoria na velocidade de crescimento anual

Cinquenta e sete participantes do estudo (idades entre 2 e 10 anos, com acondroplasia geneticamente confirmada) foram aleatorizados 3:1 para injeções subcutâneas administradas uma vez por semana com diferentes doses do fármaco (até 100 μg CNP/kg/semana) ou placebo ao longo de 52 semanas.

Na dose máxima de 100 μg CNP/kg/semana, o TransCon CNP demonstrou uma melhoria significativa da velocidade de crescimento anual em comparação com o placebo, de acordo com o estudo. Estes dados apresentam a primeira evidência de que este fármaco aumentou significativamente a velocidade de crescimento em crianças com acondroplasia, mantendo um perfil de segurança favorável.

 

Reduzir o número de injeções no tratamento

O primeiro medicamento que demonstrou melhoria na altura de pessoas com acondroplasia foi o Voxogo da BioMarin, mas o seu regime de dosagem é pesado, exigindo injeções subcutâneas diárias em crianças.

Os autores do estudo referem que um dos êxitos do ensaio ACcomplisH é a utilização de injecções semanais em vez de diárias. A tecnologia TransCon permite a exposição contínua ao princípio ativo com apenas uma dose semanal.

"O problema com o FGFR3 é que o recetor é hiperativo. O medicamento utilizado neste ensaio, o CNP, destina-se a contrariar a ativação excessiva", afirmam. "A semi-vida do CNP é muito curta, mas o medicamento utilizado neste ensaio tirou partido de uma nova tecnologia chamada Transcon que prolonga a semi-vida, permitindo injecções semanais."

A utilização de uma técnica que permite injeção semanal, melhorando a qualidade de vida das pessoas é um grande passo em frente. O mesmo aconteceu no ano passado quando se utilizou a mesma tecnologia para a administração de uma vez por semana de hormona de crescimento em crianças (TransCon hGH).


Mais investigações e um Estudo Pivotal

O ACcomplisH é o primeiro ensaio aleatório, em dupla ocultação, controlado por placebo, de aumento gradual da dose do TransCon CNP, em crianças com acondroplasia e idades compreendidas entre os 2 e os 10 anos. O TransCon CNP foi bem tolerado e mostrou baixa frequência de reações locais. Não apresentou incidência de hipotensão, algo que tem sido uma preocupação com o desenvolvimento desta terapêutica na regulação da homeostase vascular, incluindo a pressão arterial sistémica.

Estes resultados sugerem que o TransCon CNP é uma opção promissora de tratamento para crianças com acondroplasia através da exposição contínua de CNP, oferecerndo um benefício holístico e uma carga reduzida de cuidados para as crianças, pais e cuidadores.

Ainda assim, as investigações estarão em curso por um período de extensão aberto em que os participantes serão seguidos durante dois anos, bem como num Estudo Pivotal, para avaliar melhor o equilíbrio entre os riscos e os benefícios da dose de 100 μg CNP/kg/semana.

 

A acondroplasia afeta 250.000 pessoas em todo o mundo, com uma prevalência de 1 em cada 22.000 nascimentos. "O problema é a falta de conversão da cartilagem em osso", afirma um dos autores do estudo. "Isto deve-se a uma mutação genética no recetor 3 do fator de crescimento dos fibroblastos (FGFR3)"

Neste estudo, participaram um total de 19 centros de investigação. O autor principal foi Ravi Savarirayan, MD, do Murdoch Children's Research Institute, Royal Children's Hospital, Universidade de Melbourne na Austrália. Encontre aqui o estudo completo (em inglês).

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